Educação ambiental e bioética ambiental: uma reflexão a partir dos instrumentos de avaliação

Autores

  • Marta Luciane Fischer Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR
  • Henrique Trigo Castro Junior Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR
  • Beatriz Akemi Kondo Van Spitzenbergene Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR
  • Natalia Aline Soares Artigas PUCPR
  • Thierry Betazzi Lummertz Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR

DOI:

https://doi.org/10.22169/revint.v14i33.1703

Resumo

RESUMO

A Educação Ambiental e a Bioética Ambiental têm a vida como valor comum e compreendem que é necessário educar os cidadãos para que o cuidado com a natureza seja um projeto compartilhado. A educação demanda comunicação eficiente e sem ruídos, um desafio quando se trata de promover o diálogo entre agentes morais dispares. Assim, questionou-se como o uso de instrumentos de educação ambiental tem sido abordado na literatura científica. Para tal, se procedeu a uma revisão integrativa de artigos científicos, utilizando o Google Acadêmico e o portal da Capes. Recuperou-se um total de 1525 trabalhos e posteriormente se fez o mapeamento de 64 aplicativos. Constatou-se o uso de instrumentos de intervenção ou avaliação em 5,6% dos artigos, nos quais se deu preferência a questionários seguidos por análise qualitativa. No recorte estabelecido pela pesquisa foi possível atestar o escasso uso de ferramentas, principalmente as associadas com a tecnologia. O desenvolvimento de instrumentos que permitam diagnosticar o público-alvo e monitorar o processo de educação é fundamental para o sucesso das intervenções. Logo, vislumbra-se a sinergia entre a Educação Ambiental e a Bioética Ambiental na construção de ferramentas que possibilitem o aprimoramento dos educadores, das práticas educativas e da construção de um cidadão que se responsalize pela qualidade de todas as formas de vida.

Palavras-chave:  Cidadania; Comitês de bioética ambiental; Educação moral; Representação social.

 

ABSTRACT

Environmental Education and Environmental Bioethics have the life as a common value and they understand that it is necessary to educate citizens so that caring for nature could be a shared project. Education demands efficient and noiseless communication, a challenge when it comes to promoting the dialogue among disparate moral agents. Thus, we questioned how the use of educational instruments has been approached in the scientific literature. For this reason, an integrative review was carried out using Google Academic and Capes portal. In total, it was recovered 1525 scientific articles and 64 apps. The use of intervention or evaluation instruments were present in 5.6% of the articles, indicating the preferential use of questionnaires with a qualitative analysis. In the excerpt allowed by the research, it was possible to attest the low use of tools, mainly the ones associated with technology. The importance of developing tools to diagnose the target audience and monitor the education process is critical to the success of interventions. Thus, we see the synergy of Environmental Education and Environmental Bioethics in the construction of tools that enable the improvement of educators, educational practices and the construction of citizens who are responsible for the quality of all life forms.

Keywords: Citizenship; Committees of environmental bioethics; Moral education; Social representation.

 

RESUMEN

La Educación Ambiental y la Bioética Ambiental tienen la vida como un valor común y entienden que es necesario educar a los ciudadanos para que el cuidado de la naturaleza sea un proyecto compartido. La educación exige una comunicación eficiente y sin ruidos, un desafío cuando se trata de promover el diálogo entre agentes morales dispares. Por lo tanto, nos preguntamos cómo se ha abordado el uso de instrumentos educativos en la literatura científica. Con ese fin, se realizó una revisión integrativa de artículos científicos, utilizando el portal Capes y el Google Académico. Se trabajó con un total de 1525 artículos y, posteriormente, se identificaron 64 aplicativos. Se constató el uso de instrumentos de intervención o evaluación en el 5,6% de los artículos, en los cuales se dio preferencia a cuestionarios, procesados por análisis cualitativo. En el corte establecido por la investigación, fue posible constatar el escaso uso de herramientas, principalmente las asociadas con la tecnología. El desarrollo de herramientas para diagnosticar al público objetivo y monitorear el proceso educativo es fundamental para el éxito de las intervenciones. Así, se percibe la sinergia entre la Educación Ambiental y la Bioética Ambiental en la construcción de herramientas que permitan actualizar a los educadores, renovar las prácticas educativas y propiciar la construcción de un ciudadano que asuma la responsabilidad por la calidad de todas las formas de vida.

Palabras-clave: Ciudadanía; Comités de bioética ambiental; Educación moral; Representación social.

DOI: http://dx.doi.org/10.22169/revint.v14i33.1703

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marta Luciane Fischer, Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR

Doutora em Zoologia - Universidade Federal do Paraná (UFPR). Docente dos cursos de Biologia,  Psicologia e do Mestrado em Bioética - PUCPR. E-mail: marta.fischer@pucpr.edu.br

Henrique Trigo Castro Junior, Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR

Graduando do Curso de Ciências Biológicas PUCPR. Bolsista do Projeto de Iniciação Científica Tecnológica (PUCPR). E-mail: henrique.trigocastro@pucpr.edu.br

Beatriz Akemi Kondo Van Spitzenbergene, Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR

Graduanda do Curso de Ciências Biológicas - PUCPR. Bolsista do Projeto de Iniciação Científica (PUCPR). E-mail: bea_spitz@hotmail.com

Natalia Aline Soares Artigas, PUCPR

Licenciada em Ciências Biológicas. Especialista em Educação Ambiental. Mestre em Bioética. Professora do ensino básico. E-mail: nati_taia21@hotmail.com

Thierry Betazzi Lummertz, Pontifícia Universidade Católica do Paraná - PUCPR

Bacharel em Ciências Biológicas. Mestrando em Bioética (PUCPR). Professor do ensino básico. E-mail: thierry.blio@gmail.com

Referências

ARTIGAS, N.A.S.; FISCHER, M. L. Limitações no cativeiro quanto a promoção de bem-estar em primatas na percepção do visitante do Zoológico de Curitiba. Revista Brasileira de Educação Ambiental (RevBEA), v. 14, n. 1, p. 49-68, 2019.

BARRETO, M. B. et al., Ludicidade e percepção infantil como instrumentos para prática da educação ambiental no zoológico de Salvador–BA. REMEA-Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, v. 21, 2008.

BIAGGIO, Â. M. B. Kohlberg e a" Comunidade Justa": promovendo o senso ético e a cidadania na escola. Psicologia: reflexão e crítica. vol. 10, n. 1, p. 47-69, 1997.

BIAGGIO, Â. M. B. et al. Promoção de atitudes ambientais favoráveis através de debates de dilemas ecológicos. Estudos de Psicologia, v. 4, n. 2, p. 221-238, 1999.

BATAGLIA, P. U. R.; DE MORAIS, A.; LEPRE, R. M. A teoria de Kohlberg sobre o desenvolvimento do raciocínio moral e os instrumentos de avaliação de juízo e competência moral em uso no Brasil. Estudos de Psicologia, v. 15, n. 1, p. 25-32, 2010.

BRÜGGER, P. Nós e os outros animais: especismo, veganismo e educação ambiental. Linhas Críticas, v. 15, n. 29, p. 197-214, 2009.

DBDH. Declaração de Bioética e Direitos Humanos. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/declaracao_univ_bioetica_dir_hum.pdf. Acesso 01 out 2019.

DIAS, G. F. Educação ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia, 2003.

FELIPE, S. T. Antropocentrismo, sencientismo e biocentrismo: perspectivas éticas abolicionistas, bem-estaristas e conservadoras e o estatuto de animais não-humanos. Revista Páginas de Filosofia, v. 1, n. 1, p. 2-30, 2009.

FISCHER, M. L.; CUNHA, T.; RENK, V.; SGANZERLA, A.; SANTOS, J. Z. dos. Da ética ambiental à bioética ambiental: antecedentes, trajetórias e perspectivas. História, Ciências, Saúde - Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 24, n. 2, p. 391-409, abr./jun. 2017a.

FISCHER, M. L.; CUNHA, T. R.; MOSER, A. M.; DINIZ, A. L. F. Metodologias inovadoras no ensino da bioética para o curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. Revista EDaPECI, 18(2), 128-142, 2018.

FISCHER, M.L.; MOLINARI, R.B. Bioética ambiental: a retomada do cunho ecológico da bioética. In: SGANZERLA, A. SCHRAMM FR. Fundamentos da Bioética série Bioética vol. 3. Curitiba: CRV, p. 233-253, 2016.

FISCHER, M.L.; FURLAN, A.L.D. Bioética e Educação: Concepção da terminologia bem-estar-animal por estudantes do Ensino Básico. Revista Revbea, v. 12, Nº 5: 56-72, 2017.

FISCHER, M. L.; FURLAN, A. L. D. Interfaces entre a Bioética Ambiental e a Educação Ambiental. In SGANZERLA, A.; RAULI, P. M. F.; RENK, V. E. Bioética ambiental. Curitiba: PUCPRess, p. 135-163, 2018.

FISCHER M. L.; FURLAN, A. L. D. Metodologias ativas no ensino superior: é possível a substituição do uso de animais nas aulas práticas de zoologia? Bioética e metodologias ativas no ensino-aprendizagem. Curitiba: CRV, p. 175-191, 2018.

FISCHER, M.L.; MEIRELES, J. L.; ESTURIÃO, H. F. A proteção dos animais no Brasil e em Portugal, sob uma perspectiva da Bioética. RJLB Ano 5, n 1, pp. 1581-1614, 2019.

FISCHER, M.L.; MOSER, A.M.; DINIZ, A.L.F. Bioética e Educação: a Utilização do Nivelamento Moral como Balizador para Construção de um Agente Moral Consciente, Autônomo e Reflexivo. In: Bioética e Educação: Múltiplos Olhares (Renk, VE org) Curitiba, Prisma, 2016. P.33-67

FISCHER, M. L.; ROSANELI, C. F.; CUNHA, T. R.; SGANZERLA, A.; MOLINARI, R. B.; AMORI, R. C. Comunicações sobre a crise hídrica: a Internet como ferramenta de sensibilização ética. Sustentabilidade em Debate, v. 9, n.1, pp. 158-171, 2018b.

FISCHER, M. L.; PAROLIN, L. C.; VIEIRA, T. B.; GARBADO, F. R. A. Bioética Ambiental e Educação Ambiental: levantando a reflexão a partir da percepção. Revista Brasileira de Educação Ambiental (RevBEA), v. 12, n. 1, p. 58-84, 2017c.

FISCHER, L. M.; TAMIOSO, R. P. Bioética ambiental: concepção de estudantes universitários sobre o uso de animais para consumo, trabalho, entretenimento e companhia. Ciência & Educação, v. 22, n. 1, p. 163-182, 2016.

FRANÇA, J. P.; SOUZA, L. T. O calendário ecológico escolar: uma experiência de educação ambiental no Ensino Fundamental I, v. 6, ano 31, p. 390-401, nov. 2015.

FRANCIONE, G. L. Introdução aos direitos dos animais: seu filho ou cachorro. 2013.Campinas: Unicamp, 2013.

GOOD, C.; CUNHA, T. R.; DUBIASKI-SILVA, J. “Role playing game” como metodologia ativa para o ensino da ética: experiencias entre a bioética e os diretos humanos. In Rauli et al. Bioética e metodologias ativas no ensino-aprendizagem. Curitiba: CRV,pp. 115-132, 2018.

GRANT, C. Abolicionismo e direito animal-desconstruindo paradigmas: uma abordagem sob o prisma dos movimentos em prol dos direitos animais e da ética do cuidado. Revista Brasileira de Direito Animal, ano 6, v. 8, jan./jun. 2011.

IARED, V. G.; TULLIO, A.; OLIVEIRA, H. T. Impressões de educadoras/es ambientais em relação à visitas guiadas em um zoológico. Rev. eletrônica Mestr. Educ. Ambient. v. 28, pp. 1517-1256, 2012.

JACOBI, P. R. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cadernos de pesquisa, n. 118, p. 189-205, 2003.

LUMMERTZ, T. B.; FISCHER, M. L. O Teatro como ferramenta de promoção de Educação Ambiental. Revista Brasileira de Educação Ambiental (RevBEA), 12(5), 56-72, 2017.

ONU. Agenda 2030. Disponível em: https://nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/. Acesso em: 01 out 2019.

PEREIRA, C. C. et al. Percepção e Sensibilização Ambiental como instrumentos à Educação Ambiental Perception and awareness as tools for Environmental Education. REMEA-Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, v. 30, n. 2, p. 86-106, 2013.

PINHEIRO, L. V. de S.; PEÑALOZA, V.; MONTEIRO, D. L. C.; NASCIMENTO, J. C. H. B. do. Comportamento, crenças e valores ambientais: uma análise dos fatores que podem influenciar atitudes pró-ambientais de futuros administradores. Revista de Gestão Social e Ambiental, v. 8, n. 1, p. 89-104, jan/abr. 2014.

POTTER, V. R. Bioética: ponte para o futuro. São Paulo, Edições Loyola, 2016.

POTTER, V. R. Bioética global: construindo a partir do legado de Leopold. Tradução Cecília Camargo Bartalotti. São Paulo, Edições Loyola, 2018.

REGAN, T. Jaulas vazias. Porto Alegre: Lugano, 2006.

VIÉGAS, A.; GUIMARÃES, M. Crianças e educação ambiental na escola: associação necessária para um mundo melhor. Revista Brasileira de Educação Ambiental, Brasília, n. 0, p. 56-62, 2004.

Downloads

Publicado

2019-12-13

Como Citar

FISCHER, M. L.; CASTRO JUNIOR, H. T.; VAN SPITZENBERGENE, B. A. K.; ARTIGAS, N. A. S.; LUMMERTZ, T. B. Educação ambiental e bioética ambiental: uma reflexão a partir dos instrumentos de avaliação. REVISTA INTERSABERES, [S. l.], v. 14, n. 33, p. 609, 2019. DOI: 10.22169/revint.v14i33.1703. Disponível em: https://www.revistasuninter.com/intersaberes/index.php/revista/article/view/594. Acesso em: 5 maio. 2024.