Cinema e HQs: poéticas de fronteira na sala de aula

Autores

  • Carlos Eduardo Albuquerque Miranda Unicamp
  • Luiz Gustavo Gasparini Costa Ferreira Colégio Populus Mestrado FE/Unicamp

DOI:

https://doi.org/10.22169/revint.v15i36.2003

Resumo

RESUMO

Este texto é a partilha de uma pesquisa-intervenção com oficinas de cinema expandido e HQs em uma escola particular da cidade de Itatiba. A pesquisa-intervenção foi realizada pelo pesquisador-professor da escola, conforme a metodologia da pesquisa cartográfica em instituições escolares. O objetivo foi convidar um comum capaz de inventar uma comunidade de criação e estabelecer um comum do dissenso na escola, para embaraçar a partilha do sensível e ensejar outros lugares políticos aos seres humanos e inumanos. Convidar significa promover e aproveitar os encontros humanos e não humanos dos agenciamentos coletivos de enunciação e agenciamentos maquínicos de desejo. As oficinas de cinema expandido compõem com as HQs uma produção de poéticas de fronteira. A arte na escola propicia o risco de uma comunidade de multiplicidades e pluralidades, quando torna inoperante o comum identitário e permite outro comum, aberto para novos usos e significados da sala-de-aula, do tempo livre, das atividades escolares e da própria arte; além das cesuras, das interdições e dos limites. O método cartográfico evita dualismos entre teoria e prática, objetividade e subjetividade e sujeito e objeto. A exposição do texto procurou alinhar conceitos, relatos da experiência e produção e análise dos dados. Na segunda parte do texto, entrelaçamos a preocupação com a invenção de uma abordagem crítica de obras artísticas produzidas na escola com a necessidade de uma política de narratividade oblíqua e transversal das poéticas de fronteira e com procedimento de desmontagem narrativa que permite atiçar o que insiste e resiste como força de criação.

Palavras-chave: História em Quadrinhos; Cinema, Escola; Educação; Comunidade; Cartografia.

 

ABSTRACT

This text is the sharing of an intervention research with expanded cinema workshops and comic books in a private school in the city of Itatiba. The intervention research was carried out by the school's researcher / teacher, according to the methodology of cartographic research in school institutions. The objective was to invite a commoner capable of inventing a creative community and to establish a commoner of dissent in the school, to embarrass the sharing of the sensitive and to give other political places to human beings and inhumane beings. Inviting means promoting and taking advantage of the human and non-human encounters that the collective enunciation assemblages and desire machinic assemblages. The expanded cinema workshops compose with the comics a production of border poetics. Art at school creates the risk of a community of multiplicities and pluralities when the common identity becomes inoperative and allows or another common open to new uses and meanings of the classroom, free time, school activities and art itself, also, of caesura’s, interdictions, and limits. The cartographic method avoids dualisms between theory and practice, objectivity, and subjectivity and subject and object. The text presentation sought to aggregate concepts, experience reports and data production and analysis. In the second part of the text, we intertwine the concern with the invention of a critical approach to artistic works produced at school with the need for an oblique and transversal narrative policy of border poetics and with a narrative disassembly procedure that allows to stoke what insists / resists as a force of creation.

Keywords: Comics; Cinema; School; Education; Community; Cartography.

 

RESUMEN

Este texto es el intercambio entre una investigación-intervención, talleres de cine expandido y cómics en una escuela privada en la ciudad de Itatiba. La investigación-intervención fue realizada por el investigador / profesor de la escuela, de acuerdo con la metodología de investigación cartográfica en instituciones escolares. El objetivo fue invitar a un común capaz de inventar una comunidad de creación y establecer un común del disenso en la escuela, para confundir la división de lo sensible y ofrecer otros lugares políticos a los seres humanos y seres inhumanos. Invitar significa promover y aprovechar los encuentros humanos y no humanos de los agenciamientos colectivos de enunciación y agenciamiento maquínico de deseo. Los talleres de cine expandido componen con los cómics una producción de poética fronteriza. El arte en la escuela crea el riesgo de una comunidad de multiplicidades y pluralidades cuando vuelve inoperante el común identitario y permite un otro común abierto a nuevos usos y significados del aula, del tiempo libre, de las actividades escolares y del propio arte; además de las fisuras, de las interdicciones, y de los límites. El método cartográfico evita los dualismos entre teoría y práctica, objetividad y subjetividad y sujeto y objeto. La presentación del texto trató de ajustar conceptos, informes de experiencia y producción y análisis de datos. En la segunda parte del texto, entrelazamos la preocupación por la invención de un enfoque crítico de las obras artísticas producidas en la escuela con la necesidad de una política narrativa oblicua y transversal de las poéticas fronterizas y con un procedimiento de desmontaje narrativo que permita avivar lo que insiste y resiste como fuerza de creación.

Palabras-clave: Cómics; Cine; Escuela; Educación; Comunidad; Cartografía.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Carlos Eduardo Albuquerque Miranda, Unicamp

Doutor em Educação – Unicamp (2000). Departamento de Educação Conhecimento, Linguagem e Arte FE/Unicamp. Coordenador do Grupo Laboratório de Estudos Audiovisuais OLHO. Presidente da Comissão Permanente de Formação de Professores (CPFP) e da Associação de Leitura do Brasil (ALB). Desenvolve atividades de ensino, pesquisa e extensão nas áreas de educação e cultura visual, de educação visual de cinema e escola e de tecnologias e educação.

 

Luiz Gustavo Gasparini Costa Ferreira, Colégio Populus Mestrado FE/Unicamp

Graduado em Educação artística. porfessor de arte do Colégio Populus de Itatiba. Mestrando do PPGE - Unicamp

Referências

AGAMBEN, G. Profanações. São Paulo: Boitempo, 2007.

DAMASCENO, N. et al. Conteúdos de aprendizagem presentes em um material educativo impresso sobre combate à dengue. Interfaces da Educação, Paranaíba, v. 7, n. 20, p. 178-194, 2016.

DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Kafka: por uma literatura menor. Belo horizonte: Autêntica, 2015.

EISNER, W. Quadrinhos e arte sequencial. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

FERNANDES, R. E. Espaços extraordinários: ensaio sobre a representação do espaço geográfico na HQ “A Liga Extraordinária” de Alan Moore & Kevin O’Neill. ETD - Educação Temática Digital, Campinas, v. 11, n. 2, p. 102-123, 2010.

FRANCO, E. Histórias em quadrinhos e hipermídia: As HQtrônicas chegam a sua terceira geração. In: LUIZ, L. Os quadrinhos na era digital. Nova Iguaçu, RJ: Marsupial, 2013. p. 15-34.

GONÇALVES, O. Narrativas sensoriais. In: GONÇALVES, O. (org.) Narrativas sensoriais. 1 ed. Rio de Janeiro: Editora Circuito, 2024, p. 9-25.

GONTIJO, R. Filmes em atos performáticos do cinema expandido no Live Cinema. In: TEIXEIRA, F. E. (org.). O ensino no cinema: formação de um quarto domínio das imagens na cultura audiovisual contemporânea. 1. ed. São Paulo. Hucitec, 2015. p. 144-161.

GUATTARI, f. Caosmose - Um novo paradigma estético. São Paulo: Editora 34, 2012, 182 p.

GUIMARÃES, C. O que é uma comunidade de cinema? Revista EcoPós, v. 18, n. 1, p. 44-56, 2015.

LIMA, L. S.; FLORES, J. A. V.; AZEVEDO, C. T. O ensino de arte e as histórias em quadrinhos (HQ): a arte sequencial e o desenvolvimento gráfico. Revista Palíndromo – UDESC / CEART, Florianópolis/ SC, v. 7, n. 14, p. 27-44, 2015.

KASTRUP, V. O fundamento da atenção no trabalho do cartógrafo. In: PASSOS, E.; KASTRUP, V.; ESCÓSSIA, L. Pistas do método da cartografia: pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2012. 207 p. p. 32-51.

KASTRUP, V. Cartografar é habitar um território existencial. In: PASSOS, E.; KASTRUP, V.; ESCÓSSIA, L. Pistas do método da cartografia: pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2012. 207 p. p. 131-149.

MASSCHELEIN, J.; SIMONS, M. Em defesa da escola – uma questão pública. Belo Horizonte: Autêntica, 2017.

MENOTTI, G. Através da sala escura – espaço de exibição cinematográfica e Vjing. São Paulo: Intermeios; Vitória, ES: Prefeitura Municipal de Vitória, 2012.

MICHAUD, P-A. Filme: por uma teoria expandida do cinema. Rio de Janeiro: Contraponto, 2014.

MIGLIORIN, C.; PIPANO, I. Cinema de brincar. Belo Horizonte: Relicário, 2019.

NANCY, J.-L. A comunidade inoperada. 1 ed. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2016.

PASSO, E.; BARROS, R. B. Por uma política da narratividade. In: PASSOS, E.; KASTRUP, V.; ESCÓSSIA, L. Pistas do método da cartografia: pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2012. 207 p. p. 150-171.

RANCIÈRE, J. A partilha do sensível – Estética e Política. São Paulo: Editora 34, 2009.

RANCIÈRE, J. O mestre ignorante :cinco lições sobre a emancipação intelectual. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.

REBOLHO, M. C. T.; CASAROTTO, R. A.; JOAO, S. M. A. Estratégias para ensino de hábitos posturais em crianças: história em quadrinhos versus experiência prática. Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v. 16, n. 1, p. 46-51, mar. 2009.

RIBEIRO, N.; SOUZA, L. A. de P. Efeitos do(s) letramento(s) na constituição social do sujeito: considerações fonoaudiológicas. Revista CEFAC, São Paulo, v. 14, n. 5, p. 808-815, out. 2012.

SANTOS, M. O.; GANZAROLLI, M. E. Histórias em quadrinhos: formando leitores. Transinformação, Campinas, v. 23, n. 1, p. 63-75, abr. 2011.

SETUBAL, F. M. R.; REBOUÇAS, M. L. M. Quadrinhos e educação: uma relação complexa. Revista Brasileira de História da Educação, Maringá-PR, v. 15, n. 1 (37), p. 301-334, jan./abr. 2015.

SIMONDON, G. A individuação à luz das noções de forma e de informação. São Paulo: Editora 34, 2020, p. 624.

SUMINAMI, M. R.; ZIMMERMANN, T. R.; MEDEIROS, M. M. Os kamikazes e o ensino de história no mangá “Zero Eterno”. Interfaces da Educação, Paranaíba, v. 7, n. 21, p. 204-227, 2016.

Downloads

Publicado

2020-11-10

Como Citar

MIRANDA, C. E. A.; COSTA FERREIRA, L. G. G. Cinema e HQs: poéticas de fronteira na sala de aula. REVISTA INTERSABERES, [S. l.], v. 15, n. 36, p. 913–935, 2020. DOI: 10.22169/revint.v15i36.2003. Disponível em: https://www.revistasuninter.com/intersaberes/index.php/revista/article/view/2003. Acesso em: 26 abr. 2024.