A inclusão de autistas no ensino superior: direito, acessibilidade e avaliação

Autores

  • Jeferson Falcão Sales Universidade Federal do Ceará
  • Tania Vicente Viana Universidade Federal do Ceará

DOI:

https://doi.org/10.22169/revint.v15i35.1868

Resumo

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo apresentar o que a literatura pedagógico-científica e as legislações vigentes discutem acerca da acessibilidade e avaliação da aprendizagem de autistas no Ensino Superior. Os dados estatísticos do censo da Educação Superior entre os anos de 2012 a 2018 revelam o ingresso mais frequente das pessoas com autismo nas universidades brasileiras. A permanência dos alunos autistas no território acadêmico perpassa adaptações curriculares e metodológicas capazes de promover e considerar seus estilos e formas de aprendizagem. A revisão de literatura acerca da avaliação da aprendizagem na perspectiva inclusiva foi realizada com base em autores como Beyer (2005), Carvalho; Viana (2014), Fernandes; Viana (2010), Hoffmann (2005), Luckesi (2001). A pesquisa documental contemplou marcos legais acerca da Educação Inclusiva do ano de 1988 até 2015, tais como: a Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008); a Política de Proteção aos Direitos da Pessoa com Autismo (BRASIL, 2012), bem como o Estatuto da Pessoa com Deficiência (BRASIL, 2015).  A análise documental e bibliográfica esteve direcionada a três categorias: direito, acessibilidade e avaliação. Constatou-se que o Plano de Ensino Individual (PEI) se apresenta como alternativa eficaz no processo de ensino-aprendizagem para estudantes autistas no Ensino Superior e que as políticas em defesa aos direitos das pessoas com autismo estão promovendo a presença desses sujeitos no Ensino Superior, retirando-os da invisibilidade, e fazendo-os superar os estigmas de “incapazes e solitários”.

 

Palavras-chave: Inclusão. Ensino superior. Transtorno do Espectro do Autismo. Avaliação da aprendizagem.

 

ABSTRACT

This article aims to present what the pedagogical-scientific literature and the current legislation discuss about the accessibility and assessment of autistics’ learning in Higher Education Statistical data from the Higher Education census from 2012 to 2018 reveal the most frequent entry of people with autism in Brazilian     universities. The permanence of autistic students in the academic territory involves curricular along with  methodological adaptations capable of promoting and considering their learning styles and forms. The literature review on the assessment of learning in an inclusive perspective was carried out based on authors such as Beyer (2005), Carvalho; Viana (2014), Fernandes; Viana (2010), Hoffmann (2005), Luckesi (2001). The documentary research included legal milestones about Inclusive Education from 1988 to 2015, such as the National Policy for Special Education in the Perspective of Inclusive Education (BRASIL, 2008); the Policy for the Protection of the Rights of the Person with Autism (BRASIL, 2012), as well as the Statute of the Person with Disabilities (BRASIL, 2015). The documentary and bibliographic analysis were directed to three categories: law, accessibility and evaluation. It was found that the Individual Education Plan (IEP) is an effective alternative in the teaching-learning process for autistic students in Higher Education and that policies in defense of the rights of people with autism are promoting the presence of these subjects in Higher Education, removing them from invisibility, making them overcome the stigmas of “incapable and lonely”.

 

Keywords: Inclusion. Higher education. Autism Spectrum Disorder. Learning assessment.

 

RESUMEN

Este artículo tiene como objetivo presentar lo que la literatura pedagógico-científica y la legislación actual discuten sobre la accesibilidad y la evaluación del aprendizaje autista en la educación superior. Los datos estadísticos del censo de Educación Superior entre los años 2012 a 2018 revelan el ingreso más frecuente de personas con autismo en las universidades brasileñas. La permanencia de los estudiantes autistas en el ámbito académico implica adaptaciones curriculares y metodológicas capaces de promover y considerar sus estilos y formas de aprendizaje. La revisión de la literatura sobre la evaluación del aprendizaje en una perspectiva inclusiva se realizó sobre la base de autores como Beyer (2005), Carvalho; Viana (2014), Fernandes; Viana (2010), Hoffmann (2005), Luckesi (2001). La investigación documental incluyó marcos legales sobre la Educación Inclusiva de 1988 a 2015, tales como: la Política Nacional para la Educación Especial en la Perspectiva de la Educación Inclusiva (BRASIL, 2008); la Política para la Protección de los Derechos de la Persona con Autismo (BRASIL, 2012), así como el Estatuto de la Persona con Discapacidad (BRASIL, 2015). El análisis documental y bibliográfico se dirigió a tres categorías: derecho, accesibilidad y evaluación. Se encontró que el Plan de Educación Individual (PEI) es una alternativa efectiva en el proceso de enseñanza-aprendizaje para estudiantes autistas en Educación Superior y que las políticas en defensa de los derechos de las personas con autismo están promoviendo la presencia de estas personas en la Educación Superior, sacándolas de la invisibilidad y haciéndolas superar los estigmas de "incapaces y solitarias".

 

Palabras-clave: Inclusión. Superior. Trastorno del Espectro Autista. Evaluación del aprendizaje.

 

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Jeferson Falcão Sales, Universidade Federal do Ceará

Doutorando em Educação Brasileita pela Universidade Federal do Ceará

Tania Vicente Viana, Universidade Federal do Ceará

Professora Doutora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará (FACED - UFC).

 

Professora Orientadora  de Jefferson Falcão Sales -  Autor Principal do Artigo Submetido

Referências

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais: DSM-5. Porto Alegre: Artmed, 2015.

ANACHE, A. A. O Psicólogo nas de Serviços de Educação Especial: desafios em face da inclusão. In A. MITJÁNS MARTÍNEZ (Org.) Psicologia Escolar e Compromisso Social. Campinas, São Paulo: Alínea, 2007. p.115-133.

BEYER, H. O. Inclusão e avaliação na escola de alunos com necessidades educacionais especiais. 2ºed. Porto Alegre: Mediação, 2005.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº. 9394, de 20 de dezembro de 1996. Brasília, DF: MEC/SEESP, Ministério da Educação, 2001.

________. Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 2008.

________. Constituição da República Federativa do Brasil: texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988, com as alterações adotadas pelas Emendas Constitucionais n. 1/92 a 53/2006 e pelas Emendas Constitucionais de Revisão n. 1 a 6/94. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2009a.

________. Subsecretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Comitê de Ajudas Técnicas. Tecnologia Assitiva. Brasília: CORDE, 2009b.

¬¬ ________. Lei nº 10.764, de 27 de dezembro de 2012. Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista; e altera o § 3º do art. 98 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 2012.

________. Presidência da República. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Brasília: Casa Civil; 2015. Disponível no URL: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-018/2015.

CARVALHO, F. S. T; VIANA, T. V. Avaliação da Aprendizagem de alunos com deficiência em Cursos das Ciências Exatas: estudo de caso em uma instituição de Ensino Superior da Rede Pública de Fortaleza-CE. In: LEITÃO, Vanda Magalhães; VIANA, Tânia Vicente. (org). Acessibilidade na UFC –Tessituras Possíveis. Fortaleza: Edições UFC, 2014. p.147-168.

CEZAR, K. R. Diga Não à inversão de valores: a verdadeira inclusão laboral das pessoas com deficiência. In: ENCONTRO ANUAL DA ANDHEP DIREITOS HUMANOS, CIDADES E DESENVOLVIMENTO. n. 6. Brasília: Universidade de Brasília. 2010.

DOURADO, Fátima. Autismo e Cérebro Social: compreensão e ação. Fortaleza: Premius, 2012.

FERNANDES, T.L.G.; VIANA, T. V. Avaliação da aprendizagem de alunos com deficiência: estudo documental das diretrizes oficiais. In: V CONGRESSO INTERNACIONAL DE AVALIAÇÃO EDUCACIONAL, Anais. Fortaleza: IMPRECE, 2010. p. 867-883.

PLETSCH, M. D.; GLAT, R. (Orgs.). Estratégias educacionais diferenciadas para alunos com necessidades especiais. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2013.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3º ed. São Paulo: Atlas, 2007

HADJI, C. Avaliação desmistificada. Porto Alegre: Artmed, 2001.

HOFFMANN, J. Pontos e contrapontos: do pensar ao agir em avaliação. Porto Alegre: Editora Mediação, 2005.

LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar. São Paulo: Cortez, 2001.

PEREIRA, Débora Mara. Análise de Efeitos de um Plano Educacional Individualizado no desenvolvimento Acadêmico e Funcional de um aluno com Transtorno do Espectro do Autismo. 2014. 181f. Dissertação de Mestrado em Educação. Departamento de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2014.

PERRENOUD, P. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens – entre as duas lógicas. Porto Alegre: Artmed, 1999.

______________. Construir as Competências desde a Escola. Porto Alegre: Artmed, 2000.

PIECZKOWSKI, Tania Mara Zancanaro. Avaliação da Aprendizagem de estudantes com deficiência na educação superior. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. Brasília, v.97, n.247, p. 583-601, set/dez, 2016.

PRIETTO, R. G. Atendimento escolar de alunos com necessidades especiais: um olhar sobre as políticas públicas de educação no Brasil. In: ARANTES, V. A. (org). Inclusão: pontos e contrapontos. São Paulo: Summus, 2006. p. 31-73.

ROGERS, Karl, Tornar-se pessoa. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

RUSSEL, Michael K. Avaliação em sala de aula: conceitos e aplicações. 7º ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.

SALES, Jefferson Falcão. Ser Professor da Educação de Jovens e Adultos em busca de sua cultura profissional. 2007. 134f. Fortaleza. Dissertação de Mestrado em Educação. Centro de Educação, Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 2007.

SARAVALI, Eliane Giachetto. Dificuldades de Aprendizagem no Ensino Superior: reflexões a partir da perspectiva piagetiana. ETD – Educação Temática Digital. Campinas, v.6, n.2, p.99-127, jun. 2005.

SCHIMDT, Carlo. (org). Autismo, Educação e Transdiciplinaridade. Campinas, SP: Papirus, 2013.

SILVA, Ana Beatriz Barbosa; GAIATO, Mayra Bonifácio; REVELES, Leandro Thadeu. Mundo Singular: entenda o autismo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

SURIAN, Luca. Autismo: informações essenciais para familiares, educadores e profissionais da saúde. São Paulo: Paulinas, 2010.

TANNUS-VALADAO, Gabriela; MENDES, Enicéia Gonçalves. Inclusão escolar e o planejamento educacional individualizado: estudo comparativo sobre práticas de planejamento em diferentes países. Rev. Bras. Educ., Rio de Janeiro , v. 23, e230076, 2018. Disponívelem<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141324782018000100261&lng=pt&nrm=iso>. acesso em 23 set. 2019. Epub 25-Out-2018. https://doi.org/10.1590/s1413-24782018230076.

THERRIEN, Jacques; SOUZA, Ângela. Cultura docente e gestão pedagógica: a racionalidade prática dos saberes do saber-fazer. In: DAMASCENO, Maria Nobre; THERRIEN, Jacques. Artesãos de Outro Ofício: Múltiplos Saberes e Práticas no Cotidiano Escolar. São Paulo: AnnaBlume, 2000, p. 111-126.

TIBYRIÇA, Renata Flores; D’ANTINO, Maria Eloisa Famá. (Orgs.). Direitos das Pessoas com Autismo. Comentários Interdisciplinares à Lei 12.764/12. São Paulo: Memnon, 2018.

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1994.

Downloads

Publicado

2020-06-10

Como Citar

SALES, J. F.; VIANA, T. V. A inclusão de autistas no ensino superior: direito, acessibilidade e avaliação. REVISTA INTERSABERES, [S. l.], v. 15, n. 35, 2020. DOI: 10.22169/revint.v15i35.1868. Disponível em: https://www.revistasuninter.com/intersaberes/index.php/revista/article/view/1868. Acesso em: 19 abr. 2024.