Percepções e práticas de professores frente ao TDAH: uma revisão sistemática na literatura

Autores

  • Marcelo Forte Bezerra Universidade de Pernambuco
  • Marcelo Silva de Souza Ribeiro Universidade Federal do Vale do São Francisco

DOI:

https://doi.org/10.22169/revint.v15i35.1607

Resumo

RESUMO:

Este trabalho é fruto de uma revisão crítico-sistemática da literatura, que teve como objetivo a análise daspercepções e práticas de professores durante o período de 2011 (ano do 3º Congresso Mundial deTDAH) a 2017, tendo como fonte trabalhos acadêmicos publicados na base de dados do Google Scholar,no idioma português. Foram utilizados os descritores booleanos: “TDAH” AND “Percepções” OR“Práticas” AND “Ensino” AND “Professores” NOT “Autores”, como técnica para restringir e ampliar apesquisa. Excluíram-se do estudo os textos identificados como quantitativos. Foi possível verificar quepredomina na literatura a visão biomédica do transtorno. Contudo, com o Fórum sobre Medicalização daEducação e da Sociedade, intensificam-se as críticas a essa abordagem hegemônica, que divide espaçocom a visão histórico-cultural do TDAH, denunciando uma tendência em deslocar problemas sociais epolíticos para o campo orgânico. Apreende-se que os professores da educação básica, em sua maioria,não possuem conhecimentos suficientes para lidar com o TDAH na escola, pois não tiveram contato como tema em seus cursos de graduação e nem na formação continuada. A hiperatividade e a desatenção,em muitos casos, são produto da desmotivação do estudante pelas atividades propostas no ambienteescolar, que não levam em consideração os interesses do aprendente. A literatura tenta simplificar oTDAH em três sintomáticas: desatenção, impulsividade e/ou hiperatividade, uma característica de umasociedade que tenta reduzir o complexo ao simplório. Embora o TDAH seja um tema bastante discutidona atualidade, não se encontraram muitas publicações no campo educacional brasileiro.

Palavras-chave: TDAH. Percepções. Práticas Pedagógicas.

ABSTRACT
This work is a result of a systematic review in literature, which aimed to analyze teachers’ perceptions andpractices from 2011 (year of the 3rd World Congress on ADHD) to 2017, using academic papers that werepublished in Google Scholar Data Base in Portuguese language. Booleans descriptors: “TDAH” AND“Percepções” OR “Práticas” AND “Ensino” AND “Professores” NOT “Autores”, were used to restrict andextend the research. The texts identified as quantitative were excluded from the study. It was possible toverify that the biomedical vision of the disorder predominates in the literature.  However, with the I Forumon the Medicalization of Education and Society” critics have increased to this hegemonic approach,dividing space with the cultural and historical vision of ADHD, denouncing a tendency to put social andpolitical problems to the organic area. It is possible to observe that most basic education teachers do nothave enough information to deal with ADHD in school because they did not have contact with this subjectin the University. Hyperactivity and disattention in most cases are demotivating for students to participatein the proposed activities in the school environment, which do not consider the interests of the students.The Literature try to simplify ADHD in three aspects: Disattention, impulsiveness and/or hyperactivity, acharacteristic of a society that tries to reduce complexity to simplicity. Although ADHD has become a veryimportant subject nowadays, no meaningful articles were found in the educational area in Brazil.

Keywords: ADHD. Perceptions. Educational Practices.

RESUMEN
El presente estudio es fruto de una revisión crítico-sistemática de la literatura y tiene como objetivo elanálisis de las percepciones y prácticas de profesores, durante el período de 2011 (año del 3 er CongresoMundial de TDAH) a 2017; tiene como fuente trabajos académicos publicados en la base datos deGoogle Scholar en el idioma portugués. Se utilizaron los descriptores booleanos: "TDAH" AND"Percepciones" OR "Prácticas" AND "Enseñanza" AND "Profesores" NOT "Autores", como técnica pararestringir y ampliar la investigación. Se excluyeron del estudio los textos identificados como cuantitativos.Fue posible verificar que predomina en la literatura la visión biomédica del trastorno. Sin embargo, con elForo sobre Medicalización de la Educación y de la Sociedad, se intensifican las críticas a ese abordajehegemónico, que comparte espacio con la visión histórico-cultural del TDAH, y se denuncia unatendencia a desplazar problemas sociales y políticos para el campo orgánico. Se entiende que losprofesores de la educación básica, en su mayoría, no poseen conocimientos suficientes para lidiar con elTDAH en la escuela, pues no tuvieron contacto con el tema en sus cursos de graduación, ni en laformación continuada. La hiperactividad y la desatención, en muchos casos, son producto de ladesmotivación del estudiante por las actividades propuestas en el ambiente escolar, las cuales no tienenen cuenta los intereses del alumno. La literatura intenta simplificar el TDAH en tres síntomas:desatención, impulsividad y / o hiperactividad, característica de una sociedad que intenta reducir locomplejo a lo elemental. Aunque el TDAH sea un tema bastante discutido en la actualidad, no se hanencontrado muchas publicaciones en el campo educativo brasileño.

Palabras-clave: TDAH. Percepciones. Prácticas Pedagógicas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marcelo Forte Bezerra, Universidade de Pernambuco

Especialista em Psicopedagogia

Marcelo Silva de Souza Ribeiro, Universidade Federal do Vale do São Francisco

Professor Doutor do Colegiado de Psicologia

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DEFICIT DE ATENÇÃO. Maior estudo já realizado no mundo revela novas alterações cerebrais no Transtorno do Déficit de Atenção. Disponível em: <http://tdah.org.br/br/artigos/textos/item/1179-maior-estudo-já-realizado-no-mundorevela-novas-alterações-cerebrais-no-transtorno-do-déficit-deatenção.html>. Acesso em: 8 jun. 2017.

CAREGNATO, Sônia Elisa. Google Acadêmico como ferramenta para os estudos de citações: avaliação da precisão das buscas por autor. Ponto de Acesso, v. 5, n. 3, p. 72–86, 2011.

CÔAS, Danielly Berneck. O Conhecimento dos Docentes em Salas de Aula com Alunos com Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em Escolas Públicas do Município de Paranaguá-PR. Curitiba. Universidade Tuiuti do Paraná, 2016.

CORTESE, Samuele; CASTELLANOS, Francisco Xavier. TDAH e Neurociência. Enciclopédia Sobre o Desenvolvimento na Primeira Infância. Disponível em: <http://www.enciclopedia-crianca.com/documents/Cortese->. Acesso em: 11 jul. 2017.

CRUZ, Eduardo Batista Chaves; BRITO, Cecília Mendes Espinho Conhecimentos dos docentes do 1o ciclo do ensino básico sobre o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade. Acta Scientiarum. Education Maringá, v. 38, n. 3, p. 303–308, 2016.

CRUZ, Murilo Galvão Amâncio; OKAMOTO, Mary Yoko.; FERRAZZA, Daniele de Andrade. O caso transtorno do deficit de atenção e hiperatividade (Tdah) e a medicalização da educação: Uma análise a partir do relato de pais e professores. Interface: Communication, Health, Education, v. 20, n. 58, p. 703–714, 2016.

FELDENS, Dinamara Garcia et al. Desatenção, hiperatividade e impulsividade: reflexões críticas sobre o TDAH. Interfaces Científicas, v. 4, n. 3, p. 159–168, 2016.

FREITAS, Marcos Cezar; SILVA, Kelly Cristina Santos. Crianças Desatentas e Hiperativas? Controvérsias e a opinião de professores sobre os diagnósticos de TDAH na escola. Revista Travessias, v. 8, n. 1, p. 376–412, 2014.

LOURENÇO, Abílio Afonso; PAIVA, Maria Olímpia Almeida. A motivação escolar e o processo de aprendizagem. Ciências Cognição, v. 15, n. 2, p. 132–141, 2010.

MORIN, Edgar. A Cabeça Bem-Feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 8ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.

MACHADO, Eloisa; LEONARDO, Nilza Sanches Tessaro Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), Mídia e Medicalização Infantil: uma revisão dessa relação na perspectiva da psicologia histórico-cultural. In: XXIX ENCONTRO ANUAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UEL, 4.,2015, Londrina. Anais eletrônicos...Londrina: UEL, 2015. Disponível em: <http://www.uel.br/eventos/eaic/anais/?content=2015/anais_pesquisa.php>. Acesso em: 24 jul. 2017.

MATOS, Vanessa Lopes; MARINHO, Vinícius Lopes. Percepção e Práticas Pedagógicas de Professores da Rede Municipal de Ensino de Gurupi-TO Frente ao Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade. Cereus, v. 5, n. 2, p. 31–45, 2013.

RAMOS, Ana; FARIA, Paulo M.; FARIA, Ádila. Revisão Sistemática de Literatura: contributo para a inovação na investigação em Ciências da Educação. Revista Diálogo Educacional, v. 14, n. 41, p. 17–36, 2014.

RIBEIRO, Maria Izabel. Souza.; VIÉGAS, Lygia de Sousa. A Abordagem Histórico-Cultural na Contramao da Medicalização: uma crítica ao suporto TDAH. Germinal: Marxismo e Educação em Debate, v. 8, n. 1, p. 157–166, 2016.

SIGNOR, Rita. Transtorno de déficit de atenção/ hiperatividade: uma análise histórica e social . Revista Brasileira de Linguística Aplicada, v. 13, n. 4, p. 1145–1166, 2013.

SILVA, Soeli Batista; DIAS, Maria Angélica Dornelles. TDAH na Escola: estratégias de metodologias para o professor trabalhar em sala de aula. Revista Eventos Pedagógicos, v. 5, n. 4, p. 105–114, 2014.

TREINTA, Fernanda Tavares et al. Metodologia de pesquisa bibliográfica com a utilização de método multicritério de apoio à decisão. Production, v. 24, n. 3, p. 508–520, 2014.

VIÉGAS, Lygia de Sousa; OLIVEIRA, Ariane Rocha Felício. TDAH: conceitos vagos, existência duvidosa. Nuances: estudos sobre Educação, v. 25, n. 1, p. 39–58, 2014.

WEDGE, Marylin. Por que as crianças francesas não tem Deficit de Atenção?Pragmatismo Político, Paraíba, 20 mai. 2013. Disponível em: <http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/05/deficit-de-atencao-nas-criancas-francesas.html>. Acesso em: 13 out. 2017.

Downloads

Publicado

2020-06-02

Como Citar

BEZERRA, M. F.; RIBEIRO, M. S. de S. Percepções e práticas de professores frente ao TDAH: uma revisão sistemática na literatura. REVISTA INTERSABERES, [S. l.], v. 15, n. 35, 2020. DOI: 10.22169/revint.v15i35.1607. Disponível em: https://www.revistasuninter.com/intersaberes/index.php/revista/article/view/1607. Acesso em: 25 abr. 2024.