Didática do ensino de filosofia: uma experiência junto ao IFRN

Autores

  • Maurilio Gadelha Aires

DOI:

https://doi.org/10.22169/revint.v12i27.1327

Resumo

Resumo

Trata-se de um relato de experiência na docência de Filosofia[1] junto ao IFRN (Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte), a partir de reflexões obtidas da leitura de textos na área de Ensino de Filosofia, que culminaram na elaboração de minha tese de doutorado. Neste artigo faço uma espécie de apanhado geral sobre o meu entendimento de uma didática para o ensino de Filosofia baseada na problematização e no diálogo, como uma maneira adequada de prática pedagógica do professor. Acredito na ideia de que a Filosofia deva, pela sua própria característica fundacional, ser um método de aproximação da realidade, proporcionando uma reflexão acerca de tudo o que chega a nossa consciência, problematizando de maneira radical sobre as teorias e práticas construídas pelo homem. Defendo a proposta de um ensino que instigue os alunos à reflexão como sendo de extremo valor para que cada um possa se pensar enquanto agente dessa mesma construção histórica. Um bom começo para isso poderia passar pelo exercício de uma criticidade responsável, obtida a partir de um exercício constante da reflexão sobre as várias facetas da realidade humana. Outro ponto que procurei aduzir ao meu fazer pedagógico ao longo desses anos foi um esforço em me balizar numa prática coerente com o meu discurso, tornando-se mesmo um ideal ético. Por isso entendo que, as palavras ditas precisam estar assentadas na prática coerente com o discurso (a questão da probidade), ou seja, o dito precisa se alinhar com o discurso da corporeidade.

 

Palavras-chave: método socrático, reflexão, diálogo, ética.

 

ABSTRACT

This is an IFRN (Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte)   teaching philosophy experience based on problematization and dialogue as a proper teacher pedagogical practice. The author believes Philosophy should, due its own principles, be a way to get closer to reality and therefore provide some considerations on everything that reaches one’s consciousness and radically problematizing theories and practices built by man. In addition, the author stands up for teaching methods that stimulate students to value the capacity of thinking in order to make everyone part of the same historical construction.  A good start for such a thing would be to go through responsible criticality, obtained through continuous reflections on several sides of human reality. Another aspect the author tried to adduce to his pedagogical skills over the years was his effort to follow a coherent practice to his discourse, which became an ethical ideal. Therefore, he understands words said need to be based on coherent practices towards the discourse (the issue of probity), in other words, the discourse needs to follow corporeality.

 

Keywords: Socratic method, reflection, dialogue, ethics.

RESUMEN

Se trata de un relato de experiencia en la docencia de Filosofía junto al IFRN (Instituto de Educación, Ciencia y Tecnología de Rio Grande do Norte), a partir de reflexiones obtenidas de la lectura de textos en el área de Enseñanza de Filosofía, que culminaron en la elaboración de mi tesis doctoral. En este artículo hago una especie de recogido general sobre mi entendimiento de una didáctica para la enseñanza de Filosofía basada en la problematización y en el diálogo, como una manera adecuada de práctica pedagógica del profesor. En la idea de que la Filosofía deba, por su propia característica fundacional, ser un método de aproximación de la realidad, proporcionando una reflexión acerca de todo lo que llega a nuestra conciencia, problematizando de manera radical sobre las teorías y prácticas construidas por el hombre. Defiendo la propuesta de una enseñanza que instigue a los alumnos a la reflexión como de extremo valor para que cada uno pueda pensarse como agente de esa misma construcción histórica. Un buen comienzo para ello podría pasar por el ejercicio de una criticidad responsable, obtenida a partir de un ejercicio constante de la reflexión sobre las varias facetas de la realidad humana. Otro punto que he intentado añadir a mi pedagógico a lo largo de estos años ha sido un esfuerzo por balizarse en una práctica coherente con mi discurso, convirtiéndose en un ideal ético. Por eso entiendo que las palabras dichas deben estar asentadas en la práctica coherente con el discurso (la cuestión de la probidad), o sea, el dicho necesita alinearse con el discurso de la corporeidad.

Palabras clave: método socrático, reflexión, diálogo, ética.


[1] O texto que apresentarei a seguir traz algumas passagens de minha tese de doutorado, que contou com uma intervenção pedagógica que, dentre outros objetivos, visou analisar a própria prática pedagógica por mim desenvolvida no âmbito do IFRN. Cf. AIRES, 2010.

 


DOI: http://dx.doi.org/10.22169/revint.v12i27.1327

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Maurilio Gadelha Aires

Professor de Filosofia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte. Mestrre em Filosofia, Doutor em Educação, ambos pela UFRN.

Referências

AIRES, Maurilio G. O ensino de filosofia no ensino médio mediado pela literatura sartriana. 2010. 259f. Tese (Doutorado em Educação) - Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal.

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Nova Cultural, 1996. (Coleção os pensadores).

CERLETTI, Alejandro. Filosofia/educação: os desafios políticos de uma relação complicada. In: KOHAN, Walter (org.). Ensino de filosofia – perspectivas. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.

GAUTHIER, Clermont; et. al. Por uma teoria da pedagogia: pesquisas contemporâneas sobre o saber docente. Tradução de Francisco Pereira. Ijuí: Ed. Unijuí, 1998. (Coleção Fronteiras da Educação).

GHEDIN, Evandro. Ensino de filosofia no ensino médio. São Paulo: Cortez, 2008. (Coleção Docência em Formação. Série Ensino Médio).

GUIDO, Humberto A. O. A filosofia no ensino médio: uma disciplina necessária. In: GALLO, Sílvio; KOHAN, Walter O. (orgs.). Filosofia no ensino médio. Petrópolis: Vozes, 2000.

KOHAN, Walter O. Fundamentos para compreender e pensar a tentativa de Matthew Lipman. In: KOHAN,Walter; WENSCH, Ana Míriam (orgs.). Filosofia para crianças: a tentativa pioneira de Matthew Lipman. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2000. (Série Filosofia na Escola).

______. Uma educação da filosofia através da infância. In. KOHAN, Walter (org.). Ensino de filosofia – perspectivas. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.

LIPMAN, Matthew; SHARP, Ann Margaret; OSCANYAN, Frederick S. A filosofia na sala de aula. Tradução de Ana Luiza Fernandes Marcondes. São Paulo: Nova Alexandria, 2001.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Análise da conversação. São Paulo: Ática, 1986.

MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 9. ed. Tradução de Eloá Jacobina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.

OBIOLS, Guillermo. Uma introdução ao ensino da filosofia. Tradução de Sílvio Gallo. Ijuí; Editora Unijuí, 2002. (Coleção Filosofia e ensino)

PERRENOUD, Philippe. A prática reflexiva no ofício de professor: profissionalização e razão pedagógica. Tradução de Cláudia Schilling. Porto Alegre: Artmed, 2002.

REED, Ronald. Tempos perdidos, tempos recuperados. Tradução de Jaime A. Clasen. In: KOHAN,Walter; WENSCH, Ana Míriam (orgs.). Filosofia para crianças: a tentativa pioneira de Matthew Lipman. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2000. (Série Filosofia na Escola)

SACRISTÁN, J. Gimeno. Poderes instáveis em educação. Tradução de Beatriz Affonso Neves. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.

SANTIAGO, Gustavo. A história das histórias. Tradução de Jaime A. Clasen. In: KOHAN,Walter; WENSCH, Ana Míriam (orgs.). Filosofia para crianças: a tentativa pioneira de Matthew Lipman. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2000. (Série Filosofia na Escola)

SEVERINO, Antônio J. A filosofia na formação do jovem e a ressignificação de sua experiência existencial. In. KOHAN, Walter (org.). Ensino de filosofia – perspectivas. Belo Horizonte: Autêntica, 2005.

SHARP, Ann Margaret. Prólogo. In: KOHAN,Walter; WENSCH, Ana Míriam (orgs.). Filosofia para crianças: a tentativa pioneira de Matthew Lipman. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2000. (Série Filosofia na Escola)

SMITH, Frank. Compreendendo a leitura: uma análise psicolingüística da leitura e do aprender a ler. 3. ed. Tradução de Daise Batista. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.

SOFISTE, Juarez Gomes. Sócrates e o ensino da filosofia: investigação dialógica: uma pedagogia para a docência de filosofia. Petrópolis: Vozes, 2007.

TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 2008.

WATANABE, Lygia A. Platão, por mitos e hipóteses. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2006. (Coleção logos)

Downloads

Publicado

2018-03-08

Como Citar

AIRES, M. G. Didática do ensino de filosofia: uma experiência junto ao IFRN. REVISTA INTERSABERES, [S. l.], v. 12, n. 27, p. 574–583, 2018. DOI: 10.22169/revint.v12i27.1327. Disponível em: https://www.revistasuninter.com/intersaberes/index.php/revista/article/view/1327. Acesso em: 4 maio. 2024.