Problemas de ensino e pesquisa de métodos e teorias: reflexões sobre três oposições

Autores

  • Gustavo Biscaia de Lacerda

DOI:

https://doi.org/10.21880/ius%20gentium.v10i5.158

Resumo

RESUMO

A presente comunicação pretende refletir a respeito do ensino e da pesquisa de métodos e teorias em Ciência Política e RI (Relações Internacionais), a partir de nossa experiência pessoal em tais áreas. Para isso, o texto organiza-se em função de três oposições usuais: (1) Ciência Política versus Relações Internacionais; (2) métodos qualitativos versus métodos quantitativos; (3) teoria "empírica" versus teoria "normativa". A comunicação não será um "relato de caso", mas a discussão de alguns problemas de ensino e pesquisa de métodos e teorias recorrentes. No que se refere à primeira oposição, afirmamos a autonomia de cada área mas consideramos que RI é uma especialização teórico-metodológica da Ciência Política. Sobre a segunda oposição, entendemos que deve ocorrer um pluralismo metodológico, com vistas à complementaridade entre as metodologias, em vez da separação entre elas, resultando em "duas culturas" diferentes. Sobre a terceira oposição, vamos na direção contrária das críticas correntes a alguns desenvolvimentos do comportamentalismo e defendemos que a teoria política "empírica" deve ser levada tão a sério quanto a teoria "normativa".

Palavras-chave: Ensino de Ciência Política; Ensino de RI; Métodos de pesquisa; Métodos qualitativos; Métodos quantitativos; Teoria Política empírica; Teoria Política normativa.

 

ABSTRACT

The present article reflects about the teaching of and the research on methods and theories of Political Science and IR (International Relations), based on our personal experience on those areas. The article is organized on three usual oppositions: (1) Political Science v. International Relations; (2) qualitative v. quantitative methods; (3) "empirical" versus "normative" theories. Our intention in this article is not to provide a "case study," but the discussion of some recurrent problems of teaching and researching. The three cited oppositions exist due to the scientific specialization on the field of Political Science. In what concerns the first opposition, we affirm the autonomy of each area, but we also consider that IR is a theoretical and methodological specialization of Political Science. About the second opposition, we understand that it must occur a methodological pluralism, aiming to a methodological complementarity, instead of a separation of both methodologies, which results two different "cultures". About the third opposition, we go on the opposite direction of the usual criticisms made against of some developments of behaviorism and defend that the "empirical" political theory must be taken as seriously as the "normative" political theory.

Keywords: Teaching of Political Science; Teaching of IR; Methods of research; Qualitative methods; Quantitative methods; Empirical Political Theory; Normative Political Theory.

 

RESUMEN

El artículo presenta algunos de los resultados obtenidos en la encuesta de cobertura periodística de la primera página del portal electrónico de la Gazeta do Povo, en el período de Enero a Junio de 2014. El objetivo del estudio fue el de identificar los temas con más visibilidad en la cobertura del periódico y cuáles, en la preferencia de los lectores, los más curtidos, comentados y compartidos. La metodología adoptada es cuantitativa y de análisis de contenido, trata de identificar algunos de los rasgos de la norma periodística de la Gazeta do Povo y de la preferencia de sus lectores. La hipótesis es que la cobertura sobre el tema campaña electoral fue mínima y que otros temas llenaron este espacio. Los resultados muestran patrones similares de la cobertura de la primera página del periódico con la preferencia de los lectores por los temas variedades/cultura, deportes y política institucional. Estos datos demuestran que los lectores on-line del portal tienen interés por temas que el periódico da prioridad en su primera página.

 

Palabras-clave: Comunicación Política. Cobertura Periodistica. Portal Electrónico.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Gustavo Biscaia de Lacerda

Doutor e "pós-doutor" em Teoria Política (UFSC); sociólogo da UFPR.

Referências

ALMOND, G. A. 1966. Political Theory and Political Science. The American Political Science Review, v. 60, n. 4, p. 869-879, Dec.

ARON, R. 1986. Paz e Guerra entre as nações. Brasília: UNB.

ARON, R. 1997. Estudios políticos. México: Fondo de Cultura Económica.

BEVIR, M. & KEDAR, A. 2008. Concept Formation in Political Science: An Anti-Naturalist Critique of Qualitative Methodology. Perspectives on Politics, v. 6, n. 3, p. 503-517, Sept.

BOHN, S. 2005. Política comparada: um mapeamento do debate entre propostas teóricas e metodologias de pesquisa alternativas. BIB, São Paulo, n. 59, p. 61-80.

BOURDIEU, P.; CHAMBOREDON, J.-C. & PASSERON, J.-C. 2010. O ofício de sociólogo. Metodologia da pesquisa na Sociologia. 7ª ed. Petrópolis: Vozes.

BURAWOY, M. 2009. Cultivando sociologias públicas nos terrenos nacional, regional e global. Revista de Sociologia e Política, Curitiba, v. 17, n. 34, p. 219-230, out.

COHEN, B. R. 2001. On the Historical Relationship between the Sciences and the Humanities: A Look at Popular Debates That Have Exemplified Cross-Disciplinary Tension. Bulletin of Science, Technology & Society, London, v. 21, n. 4, p. 283-295, Aug.

COMTE, A. 1929. Système de politique positive ou traité de Sociologie instituant la Religion de l’Humanité. 4ème ed. 4 v. Paris: Larousse.

EASTON, D. 1951. The Decline of Modern Political Theory. The Journal of Politics, v. 13, n. 1, p. 36-58, Feb.

ELIAS, N. 1994. O processo civilizador. V. I: Uma história dos costumes. Rio de Janeiro: J. Zahar.

FEDI, L. 2013. Resposta. Mensagem eletrônica enviada a Gustavo Biscaia de Lacerda em 12.abr.

GOERTZ, G. & MAHONEY, J. 2012. A Tale of Two Cultures. Qualitative and Quantitative Research in the Social Sciences. Oxford: Princeton University.

GRANGE, J. 2003. Expliquer et comprendre de Comte à Dilthey. In: ZACCAÏ-REYNERS, N. (éd.). Explication-compréhension. Regards sur les sources et l'actualité d'une controverse épistémologique. Bruxelles: Université de Bruxelles.

GUNNELL, J. G. 2004. Imagining the American Polity: Political Science and the Discourse of Democracy. University Park: Pennsylvania State University.

HOFFMANN, S. 1977. An American Social Science: International Relations. Dædalus, Cambridge (Mass.), v. 106, n. 3, p. 41-60, Summer.

KING, G.; KEOHANE, R. O. & VERBA, S. 1994. Designing Social Inquiry. New Jersey: Princeton University.

KUHN, T. 2007. A estrutura das revoluções científicas. 9ª ed. São Paulo: Perspectiva.

LACERDA, G. B. 2009a. Augusto Comte e o "positivismo" redescobertos. Revista de Sociologia e Política, Curitiba, v. 17, n. 34, p. 319-343, out.

LACERDA, G. B. 2009b. Aforismas sociológicos I. Disponível em: http://filosofiasocialepositivismo.blogspot.com.br/2009/05/aforismas-sociologicos-i.html. Acesso em: 8.jul.2014.

LACERDA, G. B. 2013. Aforismas sociológicos VII. Disponível em: http://filosofiasocialepositivismo.blogspot.com.br/2013/04/aforismas-sociologicos-vii.html. Acesso em: 8.jul.2014.

LANDMANN, T. 2002. Rebutting 'Perestroika': Method and Substance in Political Science. Disponível em: http://privatewww.essex.ac.uk/~todd/rebutting%20perestroika.pdf. Acesso em: 8.jul.2014.

LAPID, Y. 1989. The Third Debate: On the Prospects of International Theory in a Post-Positivist Era. International Studies Quarterly, v. 33, n. 3, p. 235-254, Sept.

LASLETT, P. 1956. Introduction. In: _____ . (ed.). Philosophy, Politics and Society. Oxford : B. Blackwell.

LEVIN, M. 1973. What Makes A Classic in Political Theory? Political Science Quarterly, v. 88, n. 3, p. 462-476, Sept.

MERTON, R. K. 2012. On the Theory of the Middle Range. In: CALHOUN, C.; GERTEIS, J.; MOODY, J.; PFAFF, S. & VIRK, I. (eds.). Classical Sociological Theory. Oxford: Wiley-Blackwell.

MUNCK, G. L. 2007. The Past and Present of Comparative Politics. In: MUNCK, G. L. & SNYDER, R. (eds.). Passion, Craft, and Method in Comparative Politics. Baltimore: Johns Hopkins University.

PATY, M. 2005. D'Alembert. São Paulo: Estação Liberdade.

PUTNAM, R. D. 2010. Diplomacia e política doméstica: a lógica dos jogos de dois níveis. Revista de Sociologia e Política, Curitiba, v. 18, n. 36, p. 147-174, jun.

Revista de Sociologia e Política. 2011. Curitiba, v. 19, n. 39, jun. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0104-447820110002&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 5.jul.2014.

RINGER, F. 2004. A metodologia de Max Weber. Unificação das ciências culturais e sociais. São Paulo: USP.

SILVA, R. 2008. Identidades da teoria política: entre a ciência, a normatividade e a história. Pensamento Plural, Pelotas, v. 3, p. 9-21, jul.-dez.

SMITH, S. 2000. The Discipline of International Relations: Still an American Social Science? The British Journal of Politics and International Relations, London, v. 2, n. 3, p. 374-402.

SNOW, C. P. 1990. The Two Cultures. Leonardo, London, v. 23, n. 2-3, p. 169-173.

SPRINGER DE FREITAS, R. 2003. Sociologia do conhecimento. Pragmatismo e pensamento evolutivo. Bauru: USC.

VINCENT, A. 2004. The Nature of Political Theory. Oxford: Oxford University.

WRIGHT MILLS, C. 1972. A imaginação sociológica. 3ª ed. Rio de Janeiro: Zahar.

Downloads

Publicado

2014-12-02

Como Citar

Biscaia de Lacerda, G. (2014). Problemas de ensino e pesquisa de métodos e teorias: reflexões sobre três oposições. IUS GENTIUM, 10(5), 245–269. https://doi.org/10.21880/ius gentium.v10i5.158

Edição

Seção

Artigos