Linhas de cuidado: sobrepeso/obesidade de crianças e adolescentes no Sistema Único de Saúde

Autores

Resumo

O estudo investiga o cuidado disponível para crianças e adolescentes no Sistema Único de Saúde de Sergipe, segundo diretrizes do Ministério da Saúde para linhas de cuidado ao sobrepeso e obesidade. Esta pesquisa qualitativa foi realizada com 46 profissionais e gestores da saúde dos sete municípios-sede das regionais de saúde de Sergipe, através de entrevistas semiestruturadas. Para análise dos dados, utilizou-se a técnica de análise de conteúdo de Bardin. Quatro categorias emergiram a partir das respostas: 1) vigilância alimentar e nutricional e estratificação de risco para cuidado do sobrepeso/obesidade; 2) promoção da saúde e prevenção da obesidade de forma intersetorial; 3) acolhimento nos equipamentos da atenção primária; 4) apoio matricial e assistência multiprofissional. A rede de atenção à saúde de Sergipe apresenta ações de diagnóstico, promoção da saúde em equipamentos intersetoriais, porém, de forma descontinuada, além da inexistência de fluxos definidos, barreiras na acessibilidade às especialidades e falta de comprometimento dos profissionais e da família. Diante do exposto, a estruturação da linha de cuidado para o excesso de peso requer respostas proativas e contínuas, a corresponsabilização dos profissionais de saúde e gestores, compreensão da obesidade como uma doença desde a infância, sobretudo por parte dos familiares, além da oferta de ações promocionais e curativas de forma intersetorial.

Palavras-chave: obesidade; criança; adolescente; pesquisa qualitativa; serviços de saúde.

Abstract

 The study investigates the care available to children and adolescents in Sergipe's Unified Health System, according to guidelines from the Ministry of Health for lines of care for overweight and obesity. This qualitative research was carried out with 46 health professionals and managers from the seven cities that host the regional health centers of Sergipe, through semi-structured interviews. For data analysis, the Bardin Content Analysis technique was used. Four categories emerged from the responses: 1) food and nutrition surveillance and risk stratification for overweight/obesity care; 2) intersectoral health promotion and obesity prevention; 3) reception in primary care facilities; 4) matrix support and multidisciplinary assistance. The health care network in Sergipe presents diagnostic actions, health promotion in intersectorial equipment, however, in a discontinuous way, in addition to the lack of defined flows, barriers in accessibility to specialties and non-commitment by professionals and families. Given the above, structuring the care line for overweight requires the organization of proactive and continuous responses, the co-responsibility of health professionals and managers, understanding obesity as a disease since childhood, especially by family members, in addition to offering promotional and curative actions in an intersectorial manner.

 Keywords: obesity; child; adolescent; qualitative research; health services.

Resumen

El estudio analiza la atención disponible para niños y adolescentes en el Sistema Único de Salud de Sergipe, según directrices del Ministerio de la Salud para líneas de atención al sobrepeso y obesidad. Esta investigación cualitativa se realizó con 46 profesionales y gestores de salud de los siete municipios-sede de las regionales de Sergipe, por medio de entrevistas semiestructuradas. Para el análisis de los datos, se utilizó la técnica de análisis de contenido de Bardin. Cuatro categorías emergieron de las respuestas: 1) vigilancia nutricional y estratificación de riesgo para el tratamiento del sobrepeso/obesidad; 2) promoción de la salud y prevención de la obesidad de forma intersectorial; 3) recibimiento en las unidades de atención primaria; apoyo matricial y asistencia multiprofesional. La red de atención a la salud de Sergipe desarrolla acciones de diagnóstico y promoción de la salud en unidades intersectoriales, sin embargo, de forma discontinua, además de inexistencia de flujos definidos, barreras en el acceso a las especialidades y falta de compromiso de los profesionales y de la familia. Frente a lo expuesto, la estructuración de la línea de atención al exceso de peso requiere de respuestas proactivas y continuas, la corresponsabilización de los profesionales de la salud y gestores, la comprensión de la obesidad como enfermedad desde la infancia, sobre todo de parte de la familia, además de la oferta de acciones de divulgación y cura de forma intersectorial.

Palabras-clave: obesidad; niño; adolescente; investigación cualitativa; servicios de salud.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rita de Cassia Lisboa Ribeiro, Universidade Federal de Sergipe

Mestre em Ciências da Nutrição. Universidade Federal de Sergipe. São Cristóvão, Sergipe, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0000-1404

Verônica da Silva Lima

Bacharel em Nutrição. Universidade Federal de Sergipe. São Cristóvão, Sergipe, Brasil. 

Natanael de Jesus Silva

Pesquisador, Fundação Oswaldo Cruz. Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde. Salvador, Bahia, Brasil.

Lana Mércia Santiago de Souza

Doutoranda, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva. Universidade Federal da Bahia. Salvador, Bahia, Brasil.

Danielle Góes da Silva

Doutora, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Nutrição. Universidade Federal de Sergipe. São Cristóvão, Sergipe, Brasil.

Andhressa Fagundes

Doutora, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Nutrição. Universidade Federal de Sergipe. São Cristóvão, Sergipe, Brasil.

Referências

ANJOS, L. A. dos; TEIXEIRA, F. da C.; WAHRLICH, V.; VASCONCELLOS, M. T. L. de; GOING, S. B. Body fat percentage and body mass index in a probability sample of an adult urban population in Brazil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 29, n. 1, p. 73–81, 2013.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.

BRASIL. Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011-2022. Brasília: Ministério da Saúde, 2011a.

BRASIL. Orientações para elaboração do projeto municipal PSE - 2010. Brasília: Ministério da Saúde, Departamento de Atenção Básica, 2011b.

BRASIL. Portaria no 424, de 19 de março de 2013. Redefine as diretrizes para a organização da prevenção e do tratamento do sobrepeso e obesidade como linha de cuidado prioritária da Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas. Brasília: Ministério da Saúde, 2013.

BRASIL. Cadernos de Atenção Básica: estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica - obesidade. Brasília: Ministério da Saúde, 2014.

BRAVO, A.; FOLEY, B. C.; INNES-HUGHES, C.; O’HARA, B. J.; RISSEL, C. The equitable reach of a universal, multisector childhood obesity prevention program (Live Life Well @ School) in Australian primary schools. Public health research & practice, [s. l.], v. 30, n. 1, p. 1–7, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.17061/phrp3012003

CAISAN. Estratégia intersetorial de prevenção e controle da obesidade: recomendações para estados e municípios. Brasília: Caisan, 2014.

DIAS, P. C.; HENRIQUES, P.; DOS ANJOS, L. A.; BURLANDY, L. Obesity and public policies: The Brazilian government’s definitions and strategies. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 33, n. 7, p. 1–12, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0102-311X00006016

ENES, C. C.; SLATER, B. Obesidade na adolescência e seus principais fatores determinantes. Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, v. 13, n. 1, p. 163–171, 2010.

FITTIPALDI, A. L. de M.; BARROS, D. C. de; ROMANO, V. F. Apoio matricial nas ações de alimentação e nutrição: visão dos profissionais da Estratégia Saúde da Família. Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 27, n. 3, p. 793–811, 2017.

FLORINDO, A. A.; NAKAMURA, P. M.; JÚNIOR, J. C. de F.; SIQUEIRA, F. V.; REIS, R. S.; CRUZ, D. K. A.; HALLAL, P. C. Promoção da atividade física e da alimentação saudável e a saúde da família em municípios com academia da saúde. Revista Brasileira de Educação Física Esporte, São Paulo, v. 30, n. 4, p. 913–924, 2016.

LYTHGOE, M. P.; ABRAHAM, S. Good practice in shared care for inflammatory arthritis. Br J Gen Pract., [s. l], p. 275–277, maio 2016. Disponível em: https://doi.org/10.3399/bjgp16X685177

MELO, A.; BARBOSA, T. M. Atuação do Núcleo de Apoio à Saúde da Família: o entendimento de profissionais da estratégia de saúde da família de um município catarinense. Tempus, Actas de saúde coletiva, Brasília, v. 11, n. 2, p. 25–39, 2018.

MENDES, E. V. As redes de atenção à saúde. 2. ed. Brasília: Organização Pan-Americana de Saúde, 2011.

MENDES, E. V. Entrevista: A abordagem das condições crônicas pelo Sistema Único de Saúde. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 23, n. 3, p. 431–436, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1413-81232018232.16152017

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Atlas da obesidade infantil no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2019.

NÓBREGA, V. M. da; REICHERT, A. P. da S.; VIERA, C. S.; COLLET, N. Longitudinality and continuity of care for children and adolescents with chronic diseases. Escola Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 19, n. 4, p. 656–663, 2015. Disponível em: https://doi.org/10.5935/1414-8145.20150088

NÓBREGA, V. M. da; SOUZA, M. H. do N.; SANTOS, M. M.; SILVA, M. E. de A.; COLLET, N. Governança e suporte da rede social secundária na atenção à saúde de crianças e adolescentes com doenças crônicas. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 23, n. 10, p. 3257–3266, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1413-812320182310.13942018

PEDROSO, M. de L. R.; MOTTA, M. da G. C. da. Criança e família convivendo com a doença crônica: mesossistema em ligação com a vulnerabilidade programática. Texto Contexto Enfermagem, Florianópolis, v. 22, n. 2, p. 493–499, 2009.

D. F. B. dos; STRAPASSON, G. C.; GOLIN, S. D. P.; GOMES, E. C.; WILLE, G. M. F. de C.; BARREIRA, S. M. W. Implicações da pouca preocupação e percepção familiar no sobrepeso infantil no município de Curitiba, PR, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 22, n. 5, p. 1717–1724, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1413-81232017225.13462015

SILVA, L. S. da; COTTA, R. M. M.; ROSA, C. de O. B. Estratégias de promoção da saúde e prevenção primária para enfrentamento das doenças crônicas: revisão sistemática. Revista Panamericana de Salud Pública, Washington D.C., v. 34, n. 5, p. 343–350, 2013.

SILVA, M. E. de A.; REICHERT, A. P. da S.; SOUZA, S. A. F. de; PIMENTA, E. A. G.; COLLET, N. Chronic disease in childhood and adolescence: family bondsin the healthcare network. Texto Contexto Enfermagem, Florianópolis, v. 27, n. 2, p. 1–11, 2018.

SOUZA, L. M. S. de; SANTOS, S. M. C. dos. Política Nacional de Alimentação e Nutrição: avaliação da implantação de programas em municípios baianos. DEMETRA: Alimentação, Nutrição & Saúde, Rio de Janeiro, v. 12, n. 1, p. 137–156, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.12957/demetra.2017.26371

SWINBURN, B. A. et al. The Global Syndemic of Obesity, Undernutrition, and Climate Change: The Lancet Commission report. The Lancet, [s. l.], v. 393, n. 10173, p. 791–846, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)32822-8

TESSER, C. D.; NETO, P. P. Atenção especializada ambulatorial no Sistema Único de Saúde: para superar um vazio. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 22, n. 3, p. 941–952, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1413-81232017223.18842016

THORNBERRY, T. S.; BODZIONY, V. R.; GROSS, D. A. Provider Practice and Perceptions of Pediatric Obesity in Appalachian Kentucky. Southern Medical Journal, [s. l.], v. 112, n. 11, p. 553–559, 2020.

VINUTO, J. A amostragem em bola de neve na pesquisa qualitativa: um debate em aberto. Temáticas, Campinas, v. 22, p. 203–220, 2014.

Downloads

Publicado

2022-08-10

Como Citar

Lisboa Ribeiro, R. de C., da Silva Lima, V. ., de Jesus Silva, N. ., Mércia Santiago de Souza, L. ., Góes da Silva, D. ., & Fagundes, A. . (2022). Linhas de cuidado: sobrepeso/obesidade de crianças e adolescentes no Sistema Único de Saúde. Revista Saúde E Desenvolvimento, 16(24), 51–64. Recuperado de https://www.revistasuninter.com/revistasaude/index.php/saudeDesenvolvimento/article/view/1269