Recepção Clássica numa Troia contemporânea
DOI:
https://doi.org/10.21882/ruc.v8i14.822Resumo
Os Estudos Clássicos preocupam-se com a constituição e o estudo de um corpus coeso de obras greco-romanas antigas, tendo na noção de “Tradição Clássica” um meio para compreender a influência que essas obras tiveram ao longo da história. Desde os estudos de estética da recepção, contudo, os Estudos Clássicos têm alterado a forma de encarar a herança legada pela Antiguidade: ao invés de destacar apenas as semelhanças entre as obras modernas e as antigas, numa chave de fontes e influências, os classicistas passaram a levar em conta também as diferenças instauradas pelas releituras posteriores. A partir dessa perspectiva de Recepção Clássica, pretendemos interpretar alguns aspectos da adaptação audiovisual do ciclo troiano para a série de 2018 da BBC One, depois disponibilizada pela Netflix, sob o título de Troy: Fall of a City [Troia: A queda de uma cidade]. Nossa abordagem buscará salientar justamente a importância dos estudos identitários para a sobrevivência dos clássicos na contemporaneidade como alternativa a abordagens mais tradicionais.
DOI: 10.21882/ruc.v8i14.822
Recebido em: 06/05/2020
Aceito em: 11/06/2020
Downloads
Referências
ADLER, E. Classics, the Culture Wars, and Beyond. Ann Arbor: University of Michigan Press, 2016.
BAKOGIANNI, A. Classical Reception for All? Performance Reception Pedagogy in the Twenty-First Century. Classical World, Volume 112, Number 1, Fall 2018, pp. 615-626.
BERLINERBLAU, J. Heresy in the Univer-sity: The Black Athena Controversy and the Responsibilities of American Intellectuals. New Brunswick; New Jersey; London: Rut-gers University Press, 1999.
BERNAL, M. Black Athena: The Afroasiatic roots of classical civilization. London: Free Association Books, 1987.
BLOOM, A. O declínio da cultura ocidental. Trad. João Alves dos Santos. São Paulo: Best Seller, 1989.
BOLGAR, R. R. The Classical Heritage and Its Beneficiaries. Cambridge: Cambridge University Press, 1973.
BORGES, J. O que é encarceramento em massa?, Belo Horizonte: Letramento; Justificando, 2018.
CARVALHAL, T. F. Literatura comparada. São Paulo: Ática, 2006.
CLARKE, W. M. Achilles and Patroclus in Love. Hermes, 106, 3, p. 381-396, 1978.
CLAY, J. S. The Wrath of Athena: Gods and Men in the Odyssey. Lanham; Boulder; New York; London: Rowman & Littlefield Pub-lishers, 1997.
CULHAM, P.; EDMUNDS, L. Classics: A Discipline and Profession in Crisis? Lanham; New York; London: University Press of America, 1989.
DAVIS, A. Mulheres, raça e classe. 1. ed. Trad. H. R. Candiani. São Paulo: Boitempo, 2016.
DUBOIS, P. Sappho and Helen. In: PERADOTTO, John; SULLIVAN, J. P. (Ed.). Women in the Ancient World: The Arethusa Papers. New York: State University of New York Press, 1984, p. 95-106.
FACINA, A. et al. (Org.). Tamborzão: olhares sobre a criminalização do funk, Rio de Janeiro: Revan, 2013.
FAMUREWA, J. Yes, Achilles in Troy: Fall of a City is black, and yes it's a big deal. Digital Spy, 17 fev. 2018. Disponível em: <https://www.digitalspy.com/tv/a850178/troy-fall-of-a-city-achilles-black/>. Acesso em: 17 out. 2019.
GRAVER, M. Dog-Helen and Homeric In-sult. Clas. Antiquity: v. 14, n. 1 [1995], p. 41-61. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/25000142. Acesso em: 17 out. 2019.
GRAZIOSI, B. Inventing Homer: The early reception of the epic. Cambridge; New York: Cambridge University Press, 2002.
HANSON, V. D.; HEATH, J. Who Killed Homer?: The Demise of Classical Education and the Recovery of Greek Wisdom. New York; London; Toronto; Sydney; Singapore: The Free Press, 1998.
HARDWICK, L.; STRAY, C. A companion to classical receptions. Malden; Oxford; Carlton: Blackwell Publishing, 2008.
HARTMAN, A. A War for the Soul fo America: A History of the Culture Wars. Chicago; London: The University of Chicago Press, 2015.
HERÓDOTO. Histórias. Livro II – Euterpe. Trad. Maria Aparecida de Oliveira Silva. São Paulo: Edipro, 2016.
HIGHET, G. The classical tradition: Greek and Roman influences on Western literature. New York; Oxford: Oxford University Press, 1976; orig. 1949.
HOMERO. Ilíada. Tradução e prefácio de Frederico Lourenço – São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2013.
JUDET DE LA COMBE, P. Homère. Paris: Gallimard, 2017.
KIRK, G. S. On Defining Myths. In: DUNDES, A. (Ed.). Sacred Narrative: Readings in the theory of myth. Berkeley; Los Angeles; London: University of California Press, 1984, p. 53-61.
KRAMER, H.; KIMBALL, R. (Ed.). The Future of the European Past: The attack on the moral and cultural achievements of Euro-pean civilization. Chicago: Ivan R. Dee, 1997.
LACERDA, S. Metamorfoses de Homero: História e antropologia na crítica setecentista da poesia épica. Brasília: Editora UnB, 2003.
LING, T. No, the BBC is not ‘blackwash-ing’ Troy: Fall of a City. RadioTimes, 24 fev. 2018. Disponível em: <https://www.radiotimes.com/news/tv/2019-02-12/troy-fall-of-a-city-blackwashing-casting-black-actors-greek-myth/>. Acesso em: 17 out. 2019.
LYONS, D. Dangerous Gifts: Ideologies of Marriage and Exchange in Ancient Greece. Classical Antiquity, Vol. 22, n. 1, 2003, p. 93-134.
MALTA, A. A musa difusa: visões da orali-dade nos poemas homéricos. São Paulo: Annablume Clássica, 2015.
MARTINDALE, C.; THOMAS, R. F. (eds.). Classics and the Uses of Reception. Malden; Oxford; Victoria: Blackwell Publishing, 2006.
McHARDY, F.; MARSHALL, E, edd Women’s Influence on Classical Civiliza-tion. New York: Routledge, 2004.
NITRINI, S. Literatura Comparada: His-tória, Teoria e Crítica. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2015.
PERADOTTO, J.; SULLIVAN, J. P. (Ed.). Women in the Ancient World: The Arethusa Papers. New York: State University of New York Press, 1984.
PHAROS. Scholars Respond to Racist Backlash against Black Achilles, Part 2: What did Achilles look like?. Pharos: Doing Justice to the Classics, 18 mai. 2018. Disponível em: <https://pages.vassar.edu/pharos/2018/05/18/scholars-respond-to-racist-backlash-against-black-achilles-part-2-what-did-achilles-look-like/>. Acesso em: 18 out. 2019.
POMEROY, S. Goddesses, Whores, Wives, and Slaves: Women in Classical Antiquity. With a New Preface by the Author. New York: Schocken Books, 1995.
RABINOWITZ, N. S.; RICHLIN, A. (Ed.). Feminist Theory and the Classics. New York; London: Routledge, 1993.
SCHWARCZ, L. M. Nem preto nem branco, muito pelo contrário: cor e raça na sociabilidade brasileira. São Paulo: Claro Enigma, 2012.
SKINNER, J. E. The Invention of Greek Ethnography: From Homer to Herodotus. Oxford: Oxford University Press, 2012.
SLATKIN, L. M. The Power of Thetis and Selected Essays. Cambridge; London: Harvard University Press, 2011.
SNOWDEN, Jr., F. M. Bernal’s “Blacks” and the Afrocentrists. In: LEFKOWITZ, M.; ROGERS, G. M. (Ed.). Black Athena Revisited. Chapel Hill; London: The Univer-sity of North Carolina Press, 1996, p. 112-128.
SPIVAK, G. Death of a discipline. New York: Columbia University Press, 2003.
TALLARITA, A. ‘Troy: Fall of a City’ Was Overlooked for the Wrong Reasons. PopMat-ters, 28 jun. 2018. Disponível em: <https://www.popmatters.com/troy-fall-of-a-city-2579452784.html>. Acesso em: 17 out. 2019.
THALMANN, W. G. The swineherd and the bow: representations of class in the Odyssey. Ithaca: Cornell University Press, 1998.
TODOROV, T. A literatura em perigo. Trad. Caio Meira. Rio de Janeiro: DIFEL, 2010.
WHITMARSH, T. Black Achilles: The Greeks didn’t have modern ideas of race. Did they see themselves as white, black – or as something else altogether? Aeon, 09 mai. 2018. Disponível em: <https://aeon.co/essays/when-homer-envisioned-achilles-did-he-see-a-black-man>. Acesso em: 17 out. 2019.
WINKLER, M. Cinema and Classical Texts: Apollo’s New Light. Cambridge: Cambridge University Press, 2009.
WOOLF, V. The Common Reader. Lon-don: The Hogarth Press, 1951, p. 39-59.
ZUCKERBERG, D. Not All Dead White Men: Classics and Misogyny in the Digital Age. Cambridge; London: Harvard Univer-sity Press, 2018.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
