A cultura organizacional a serviço do management: dominação, controle e docilização

Autores

  • Elizeu Barroso Alves Uninter

Resumo

O objetivo deste artigo é evidenciar o caráter reducionista e utilitário atribuído à cultura organizacional baseada em meros mecanismos de manutenção de poder através do controle nas organizações. Tal percepção se fundamenta em determinada compreensão de cultura na literatura do management. Apontam-se os mecanismos de reprodução de uma mentalidade que culmina em uma visão contraditória e distorcida da cultura organizacional, apresentada como “novidade” que dará suporte ao sucesso da organização com eficiência e vantagens competitivas, embora seja, de fato, uma ferramenta de dominação, controle e docilização do sujeito. Este artigo colabora com as discussões sobre a relação entre cultura e poder através de estudos empíricos nas organizações.

Palavras-chave: cultura organizacional; dominação; docilização; poder e controle.

Abstract

This article objective is highlighting the reductionist and utilitarian features assigned to organizational culture based on mere mechanisms for maintaining power through control in organizations. This perception is based on a certain understanding of culture in the management literature. The mechanisms of reproduction of a mentality are pointed out, culminating in a contradictory and distorted view of organizational culture, presented as a “novelty” that will support the success of the organization with efficiency and competitive advantages, although it is, in fact, a tool for domination, control, and neutralization of people. This article contributes to the discussions of the problematic between culture and power through empirical studies in organizations.

Keywords: organizational culture; domination; neutralization; power and control.

Resumen

El objetivo de este artículo es resaltar el carácter reduccionista y utilitario que se atribuye a la cultura organizacional basada en meros mecanismos de conservación del poder a través del control en las organizaciones. Esta percepción se basa en una cierta comprensión de la cultura en la literatura del management. Se señalan los mecanismos de reproducción de una mentalidad que culmina en una visión contradictoria y distorsionada de la cultura organizacional, presentada como “novedad” que sustentará el éxito de la organización con eficiencia y ventajas competitivas, aunque se trate, en realidad, de una herramienta de dominación, control y neutralización del sujeto. Este artículo contribuye con la discusión sobre la relación entre cultura y poder a través de estudios empíricos en las organizaciones.

Palabras-clave: cultura organizacional; dominación; neutralización; poder y control.

Biografia do Autor

Elizeu Barroso Alves, Uninter

Professor do Centro Universitário Internacional Uninter.

Referências

ALVESSON, M.; SVENINGSSON, S. Changing Organizational Culture. London: Routledge, 2008.

ALVESSON, M. The triumph of emptiness. Oxford: Oxford University Press, 2013.

BLAU, P.; SCOTT, W. R. Organizações formais: uma abordagem comparativa. São Paulo: Atlas, 1977.

CHIAVENATO, Idalberto. Comportamento organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. São Paulo: Thomson, 2004.

COLLINS, James C.; PORRAS, Jerry I. Feitas para durar. Rio de Janeiro: Rocco,

FARIA, J. H.; MENEGHETTI, F. K. Burocracia como Organização, Poder e Controle. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 51, p. 424-439, 2011.

FARIA, J. H.; MENEGHETTI, F. K. O sequestro da subjetividade. In: FARIA, J. H. (org.). Análise crítica das teorias e práticas organizacionais. São Paulo: Atlas, 2007. p. 45-67.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2010.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Rio de Janeiro: Vozes, 2009.

FREITAS, M. E. Contexto social e imaginário organizacional moderno. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 40, n. 2, p. 6-15, 2000.

GOFFMAN, E. Manicômios, prisões e conventos. 7. ed. São Paulo: Perspectiva, 2001.

JAIME JUNIOR, Pedro. Um texto, múltiplas interpretações: antropologia hermenêutica e cultura organizacional. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 42, n. 4, 72-83, 2002.

LUZ, Ricardo. Gestão do clima organizacional. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2003.

MORGAN, Gareth. Imagens da organização: edição executiva. São Paulo: Atlas, 2009.

MOTTA, Fernando Claudio Prestes. O poder disciplinar nas organizações formais. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 21, n. 4, p. 33-41, 1981.

PAGÉS, Max et al. O poder das organizações. São Paulo: Atlas, 1993.

ROBBINS, S. P. Comportamento organizacional. 11. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.

SARMENTO, Manuel Jacinto. A vez e a voz dos professores: contributo para o estudo da cultura organizacional da escola primária. Porto: Porto Editora, 1994.

SCHEIN, Edgar. Organization culture and leadership: a dynamic view. San Francisco: Jossey Bass, 1992.

SMIRCICH, L. Concepts of culture and organizational analysis. Administrative Science Quarterly, [s. l.], v. 28, n. 3, p. 339-358, 1983.

WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.

Downloads

Publicado

2023-06-28

Como Citar

BARROSO ALVES, E. A cultura organizacional a serviço do management: dominação, controle e docilização. Revista Organização Sistêmica, [S. l.], v. 11, n. 20, p. 52–63, 2023. Disponível em: https://www.revistasuninter.com/revistaorganizacaosistemica/index.php/organizacaoSistemica/article/view/523. Acesso em: 5 maio. 2024.

Edição

Seção

Artigos