SoS C sO
Resumo
O Anti-Édipo faz 50 anos, mas mantém o viço juvenil do movimento de 68, e por onde circula causa inquietação. Abala as estruturas das teorias psicanalíticas, assentadas na representação do triângulo edipiano, das quais o sistema capitalista se favorece. O desejo edipiano é recalcado e se constitui como uma falta que se liga ao objeto originalmente perdido, interditado pela Lei do Pai, consoante à lei do significante. Esse objeto real que falta ao desejo remete a uma produção natural ou social extrínseca, enquanto que, intrinsecamente, o desejo produz um imaginário, um objeto fantasmático. A falta (ou o medo da falta) é “arranjada” na produção social, por uma classe dominante que pratica o vazio como economia de mercado, promovendo a busca incessante pelos objetos externos que ‘prometem” supri-la. Deleuze e Guattari, contrapõem-se a ideia freudiana/lacaniana do desejo como uma falta, pois para eles o desejo não se apoia nas necessidades, ao contrário, o desejo produz o real de onde aquelas derivarão. Inspirados na cartografia desejante do esquizofrênico, que cria seu próprio inconsciente, propõem um processo de dessubjetivação maquínica capitalística, através da criação de um corpo sem órgãos. Um corpo afetivo, em cuja superfície se registra o processo de produção do desejo. Um corpo para que os escravos, hegeliano e pós-moderno, não mais precisem abdicar do seu desejo em prol ao do seu senhor, e que, ante a aporia apontada por Lacan, possam escolher tanto a liberdade como a vida.
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